Se estas festas de final de ano são sinônimos de confraternização, minha amiga Véra Maselli e sua família dão um show. Sempre achei que cozinha deve ser um lugar de alegrias compartilhadas. Cozinhar entre amigos, onde a colaboração é apenas um dos ingredientes necessários, é um dos maiores prazeres que alguém pode sentir. Mesmo quem não é muito amigo do fogão, ao ajudar de alguma outra maneira, sentirá orgulho quando a hora de servir chegar.

Esta lição é a que publico no OBA Gastronomia de hoje. Uma lição de amizade, do sentido de Família, Amizade, Natal e Ano Novo. Deixo a história para a Véra contar, assim como meu agradecimento por uma colaboração tão especial.

Struffoli

Massa

2 xícaras de farinha de trigo

3 ovos

1 cálice grande de anisete (ou rum)

1 colher de sopa de manteiga (ou margarina)

3 colheres de sopa bem cheias de açúcar

óleo para fritar

Calda

½ copo de mel

½ copo de água

tiras de casca de limão

Struffoli 1

Numa família, particularmente numa de origem italiana, fazer struffoli para Natal e Ano-Novo, mais do que uma tradição, é o momento de agregar as pessoas na cozinha. O prato é trabalhoso: misturar, amassar, modelar, cortar uniformemente a massa e depois fritar. Por isso, quanto mais gente, para fazer isso, melhor. É a hora em que eu, minha irmã e minhas sobrinhas (que moramos em cidades diferentes) trabalhamos e colocamos a conversa em dia.

Na minha família, a receita era feita pela avó paterna e depois por nossa mãe. Depois da morte da mamãe, num processo natural, minha irmã e eu carregamos a incumbência de fazê-los para a família, que quase “sai no tapa” por um bocado a mais das bolinhas. Todos sempre levam um potinho para casa.

Mais recentemente, comecei a fazê-los também em minha cozinha, com amigos que já conheciam o prato por tradição familiar e outros interessados em conhecê-lo.

Embora feitos para o Natal, os struffoli não podem faltar na mesa da ceia de Ano-Novo, uma vez que as bolinhas douradas são encaradas como um símbolo de fartura, que deverá perdurar no ano.

Depois de misturados os ingredientes e feita uma boa massa, tomamos pequenas porções e fazemos com elas um rolinho, que depois será uniformemente cortado em pequenos “nhoques”.

Struffoli 2

Os struffoli vão sendo depositados num recipiente contendo farinha, para que não grudem uns nos outros.

Struffoli 3

Antes de fritá-los, porém, deve-se tomar o cuidado de peneirá-los, para eliminar o excesso de farinha, que se queimará facilmente no óleo quente. Quando estiverem dourados, serão retirados e depositados em papel absorvente.

Struffoli 4

A fritura deve ser feita em panela grande e funda e não devem ser colocadas porções muito grandes. Em geral, durante a fritura, levanta-se uma espuma que poderá transbordar e inundar o fogão de óleo quente.

Nossa mãe e avó costumavam fazer a calda, juntar a ela as bolinhas já fritas e, com a calda ainda quente, moldar uma “coroa” com os struffoli em um prato, ao redor de um copo colocado no centro, para fazer um buraco no meio. O copo era besuntado com manteiga do lado externo, para facilitar a sua remoção quando a calda esfriasse e endurecesse.

Struffoli 5

Modernamente, sabendo que não é aconselhável ferver o mel (pois eliminaria toxinas), simplificamos o procedimento: desistimos da calda quente e usamos apenas mel e casca de limão para envolver os struffoli, que servimos numa grande tigela.

Struffoli 6

Uma sugestão fantástica de minha querida amiga Véra Maselli. O que acham de reunir familiares ou amigos e fazer um fim de ano inesquecível, com a ajuda e alegria de cada um? Afinal, é este o espírito que deve estar sempre presente no ano que está chegando.

Orlando Baumel

Chef de Cozinha, músico e sócio do site junto com a Carol. Casado, pai de 3 lindas garotas.

Este post tem um comentário

  1. Patricia Maselli

    Esta receita é maravilhosa, lembrança da infância.

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