Ontem tive a alegria de encontrar o que considero o melhor queijo produzido no Brasil, o queijo da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Um queijo sensacional, que não fica devendo nada aos melhores do mundo. Para falar dele, recorri ao site Queijos no Brasil. Um site indispensável para quem quer saber mais sobre a produção de queijos em nossa terra.

Queijo da Canastra

O produto típico mais importante da região da Serra da Canastra é o queijo Canastra, artesanal e feito de leite cru. Produzido há mais de duzentos anos, ele é primo distante do queijo da Serra da Estrela, de Portugal, trazido pelos imigrantes da época do Ciclo do Ouro.
O clima, a altitude, os pastos nativos e as águas da Canastra dão a esse queijo um sabor único: forte, meio picante, denso e encorpado.

O queijo Canastra deve ser consumido curado ou meio curado, com pelo menos uma semana de maturação. Com o passar dos dias, ele adquire uma bela cor dourada e vai enrijecendo de fora para dentro. É boa companhia para uma cerveja gelada, cachaça ou vinho tinto. Também é consumido fresco, com até 4 dias, quando se mostra branco e parecido – e até confundido – com o tradicional queijo Minas industrializado.

O consumidor que levar o queijo para casa deve mantê-lo sempre em local fresco e ventilado. Para que a maturação seja perfeita, o queijo deve descansar sobre um prato ou uma tábua de madeira e ser virado uma vez por dia.

Queijo da Canastra 1

O Canastra estraga se ficar fechado mais de um dia em sacos plásticos. Na geladeira, fica ressecado.

Antigamente, devido à precariedade dos transportes, o queijo ficava até 40 dias nas prateleiras dos produtores para depois sair em carros de bois ou no lombo de burros e cavalos para a distribuição. Hoje, o consumo é mais rápido e por isso pouca gente chega a apreciá-lo no ponto certo de maturação.

Para produzir um queijo do tamanho tradicional, com peso de cerca de 1 kg e 300 g, são utilizados aproximadamente dez litros de leite.

Depois da ordenha, o leite é colocado num tambor onde recebe o coalho e o “pingo”, uma espécie de fermento líquido, extraído da produção do dia anterior. Depois de algum tempo, o leite talha e é retirado em porções de massa que são espremidas manualmente e colocadas em moldes redondos. Por cima da massa cuidadosamente compactada, vai o sal grosso. Por baixo da forma, o soro escorre finalizando um processo que dura 24 horas. Só então o queijo sai dos moldes e vai para uma prateleira arejada. Com exceção da ordenha, todo o ritual acontece na chamada “casinha de queijo”.

A maioria dos fazendeiros vende a produção para intermediários conhecidos como queijeiros. Uma pequena parte é consumida na própria região. Ultimamente, vários produtores fazem também uma venda direta aos turistas, obtendo melhores preços

Cerca de 80 por cento da produção de queijo Canastra é distribuída no Estado de São Paulo, especialmente na capital e Grande São Paulo. Um destino ingrato para um produto nobre: a maior parte vai parar na vala comum das fábricas de pão-de-queijo, misturada sem nenhum critério a queijos de variadas procedências. Outra parte vai para mercadinhos de segunda linha. Isso acontece porque, a rigor, o queijo Canastra é um fora-da-lei. No Brasil, oficialmente, é proibido produzir queijo de leite cru. As entidades de produtores tentam resolver esse problema através de um programa para adequar a produção a determinadas normas sanitárias, um sistema de certificação (pelo governo mineiro) e, futuramente, a uma denominação de origem controlada.

Com isso, os produtores esperam que a lei mude, tirando da clandestinidade o queijo Canastra e outros queijos artesanais.

Para chegar lá, os produtores da Canastra fazem intercâmbio até com uma ONG da França, país onde se fazem os melhores queijos artesanais do mundo e muitos deles também produzidos a partir do leite in natura. Há também o Programa de Melhoria do Queijo Minas Artesanal, lançado em 2000 pelo governo de Minas. Em conseqüência dele, o queijo do Serro, da Serra do Espinhaço (outra região produtora importante), foi declarado patrimônio cultural pelo IEPHAN (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais). O queijo Canastra deve ser o próximo da lista. (Fonte: Queijos no Brasil)

Orlando Baumel

Chef de Cozinha, músico e sócio do site junto com a Carol. Casado, pai de 3 lindas garotas.

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